sábado, 25 de maio de 2013

Apocalipse Zumbi - Os primeiros anos - Resenha do Livro de Alexandre Callari



Por Clayton Mamedes

Fiquei muito surpreso ao ganhar de presente o livro Apocalipse Zumbi - Os primeiros anos, publicado pela editora Generale. Surpreso triplamente na verdade:


(1) não conhecia o livro, 
(2) é de autoria nacional e 
(3) é realmente uma excelente leitura.

Esta obra escrita de forma muito competente pelo Alexandre Callari, editor do site Pipoca & Nanquim utiliza uma abordagem um tanto diferente, destacando-se das outras que atualmente inundam as prateleiras, pegando carona no sucesso arrebatador de The Walking Dead.

Em Apocalipse Zumbi a ação se passa em uma São Paulo quatro anos após o famigerado Dia Z, já com os recursos exauridos e a vegetação retomando a paisagem da já morta selva de pedra paulistana. Nada de correrias em buscas de postos de salvamento ou pontos de evacuação. Ou até mesmo o resgate dos entes queridos. O que aconteceu no Dia Z ficou para trás. Agora só resta juntar os cacos e sobreviver, em meio à cidade tomada pelos contaminados

                                   

A trama, espalhada por 333 páginas em 50 capítulos, conta o cotidiano de um grupo de sobreviventes protegidos em um antigo prédio de uma companhia de segurança, comandado por um sujeito mão-de-ferro chamado Manes, o nosso herói principal na luta contra os contaminados. Manes conta, obviamente com os seus seguidores, porém o seu estilo de comando acaba atraindo diversas reclamações de alguns integrantes do refúgio, apelidado de Quartel. E é nesse conflito social que a trama de Callari se apóia, de maneira muito sólida e convincente. Alguns desavisados poderiam comparar esse drama social de Apocalipse Zumbi com os conflitos de The Walking Dead. Sim, são semelhantes, mas a fonte original não é o HQ da Image Comics, e sim o precursor de todos os filmes de zumbis: George A. Romero que, em todas as suas películas coloca os mortos-vivos apenas como um pano de fundo para os sobreviventes exercerem os papéis principais de conflito entre eles. Ou seja, uma inspiração clássica e de respeito.

Apesar da semelhança com a obra de Kirkman (a presença de um líder forte cuja liderança é questionada), Apocalipse Zumbi apresenta como principal arma o estilo narrativo: ao invés daquele linguajar pobre e ação linear como vistos em Ascensão do Governador, Callari nos brinda com flashbacks muito eficientes e aquele estilo de cortar a ação em momentos cruciais, para contar outra ponta da trama. Esta ferramenta funciona muito bem aqui, fazendo com que você devore o livro intuitivamente, assim como Dan Brown utilizou em seus best-sellers. E falando em ferramentas de narração, o Prólogo deste livro é sensacional.

As personagens de Apocalipse Zumbi também merecem destaque. Além de serem bem construídas, são apresentadas ao leitor através de flashbacks de suas respectivas vidas no momento exato do dia Z. Uma maneira interessante de enriquecer o passado da personagem e ainda assim contar um pouco mais sobre a ambientação em que se passa a trama. Ambientação está que é em São Paulo, ou seja, é ainda mais interessante para quem mora ou conhece a metrópole.

Falando ainda sobre a ambientação, outra surpresa bem agradável é o estilo meio Mad Max que a obra passa, causado principalmente pelo longo intervalo de tempo entre o dia Z e os fatos narrados no texto. Inclusive existe uma cena com fortes inspirações em Mad Max 3. E ficou muito boa.

                                   

Como é de praxe neste tipo de livro, a origem da infecção não é bem clara, porém ela possui uma leve diferença para os outros tipos de infestação que vemos por ai. Obviamente não posso revelar detalhes por respeito aos que ainda não leram a obra. E ainda tem uma conexão com a inspiração cinematográfica citada no parágrafo anterior.

Apocalipse Zumbi apresenta ainda uma série de ilustrações de pontos-chave do enredo, feitas por Bruner Franklin e Mau Vasconcellos, de qualidade razoável. O livro também acompanha um CD de trilha sonora, executada pela banda Dream Vision e um trailer no Youtube (aqui nesse link) que reproduz algumas cenas da trama. Ok, o trailer não é melhor coisa do mundo, mas não tira o brilho do livro.

Em resumo, Callari nos presenteia com um enredo rápido e coerente, repleto de momentos de ação frenética, intercalados com dramas pessoais de primeira magnitude, tudo isto escrito de uma forma coesa e fluída. E o melhor: está é apenas a primeira do que se acredita ser uma trilogia.

Se você é fã de zumbis ou de um bom livro de ação, fica a dica. Garanto que a diversão aqui é muito, mas muito maior do que o medalhão The Walking Dead: A Ascensão do Governador

Aguardando os próximos volumes!

Apocalipse Zumbi - Os primeiros anos
Autor: Alexandre Callari
Editora Generale, 2011
333 páginas

2 comentários:

  1. Eu fiquei empolgado para ler, mas depois de ver o trailer acho que ele caiu muito na minha lista dos próximo livro para ler. Os zumbis no livro realmente correm ?

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  2. Bonito no interior, a capa eu achei tosca.

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