sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Mesa Bárbara: Beasts and Barbarians - Jogo de Sword and Sorcery no Saia da Masmorra


Olá pessoal,

Semana passada, tivemos mais uma edição do Saia da Masmorra, encontro para mestres e jogadores, com uma proposta de apresentar jogos e sistemas de RPG pouco conhecidos. Os encontros mensais acontecem sempre na Galeria da loja Point HQ em Ipanema.

Nessa edição, o tema do encontro era Sword and Sorcery, ocasião perfeita para narrar pela primeira vez Beasts and Barbarians um jogo para o sistema Savage Worlds (da Retropunk) que se passa em um mundo de decadência, barbárie e magia.

Eu gostei bastante...vamos ver como foi a sessão. Mas antes, para aqueles que não conhecem, deixe eu falar um pouco sobre Sword and Sorcery.

Sword and Sorcery (literalmente Espada e Feitiçaria) é um sub-gênero da literatura de Fantasia, geralmente caracterizado por espadachins aventureiros envolvidos em sangrentos combates e emocionantes tramas de perigo e ação. As estórias envolvem romance, elementos de magia, horror e sobrenatural. Nessas estórias, algumas vezes épicas, a ação se fixa no herói, na maioria das vezes um guerreiro bárbaro, que precisa se valer de suas habilidades extraordinárias para triunfar diante de inúmeras adversidades. O pano de fundo para essas estórias são mundos inspirados por civilizações antigas e terras distantes com reinos e povos exóticos. O termo "Sword and Sorcery" foi criado por Michael Moorcock, autor das estórias de Elric de Melniboné, um dos mais conhecidos escritores no gênero, que tem em Robert E. Howard seu maior expoente. Howard foi o criador de Conan, o Bárbaro, Kull, Solomon Kane e Bran Mak Morn, além de ter escrito inúmeros contos de aventura pulp. Não por acaso, ele é considerado o pai do gênero.

Curiosamente, o gênero tem uma estreita ligação com o Horror Cósmico criado por H.P. Lovecraft. Robert E. Howard, Clark Ashton Smith, Fritz Leiber, nomes que ajudaram a criar o Sword & Sorcery eram amigos e correspondentes de Lovecraft e utilizaram bastante os conceitos do Mythos de Cthulhu em suas estórias. Deuses, monstros e criaturas tipicamente lovecraftianas figuravam como entidades obscuras nos contos Sword and Sorcery, e aos poucos alguns temas fizeram o caminho inverso, visitando narrativas dos Mythos.

Por essa razão, Sword and Sorcery e os Mythos podem ser considerados gêneros que desfrutam de um certo grau de parentesco.

O cenário de Beasts and Barbarians (daqui em diante B&B) se passa em um típico mundo de fantasia, magia e aventura. Nele, os jogadores criam seus personagens inspirados pela tumultuada estória de decadência de uma região conhecida como Dread Domains (Domínios Sinistros). O continente de B&B, assim como a Terra Hiboriana de Conan, é uma enorme massa de terra, com uma colcha de retalhos de Reinos semelhantes a civilizações antigas divididos em povos civilizados e bárbaros. No centro do continente desponta o Império de Ferro de Faberterra, o mais poderoso dos Impérios que conquistou e se espalhou pelo mundo conhecido e que agora se encontra em franca decadência com invasões de povos bárbaros, pilhagens e corrupção corroendo suas instituições. É questão de tempo até o Império ruir por completo e o que surgirá de suas cinzas, ninguém pode prever.  

O cenário que narrei para B&B foi inspirado em uma aventura de Conan, o Bárbaro, escrita por Howard, tendo como título "O Mausoléu dos Famintos". Nela, um grupo de audazes aventureiros em viagem pela perigosa Cordilheira de Ferro aceita a oferta de um misterioso nobre. Através de um antigo manuscrito, ele tomou conhecimento da localização de um mausoléu encravado na montanha que serviu de repouso para um poderoso monarca. Seduzidos pela promessa de ouro e riquezas inestimáveis, os aventureiros aceitam explorar o lugar, descobrindo coisas muito mais sinistras habitando seus corredores amaldiçoados.

Aqui estão algumas fotos do encontro e do material de jogo: 


Uma das coisas mais bacanas no Savage Worlds é que o jogo é fácil: de jogar, de narrar e de ensinar... não tem muito segredo, o jogo flui muito facilmente e memso quem nunca jogou pega rapidamente as manhas. 


O grupo que deu vida aos aventureiros. Um típico Bárbaro da Fronteira Selvagem, um Nobre herdeiro do Império de Ferro, uma perigosa Amazona da Ilha de Ascaia e um Monge guerreiro do distante reino oriental de Lhoban.  


Um daqueles momentos de interpretação quando uma aberração morta-viva sem a cabeça emerge das sombras e avança sobre o grupo com garras afiadas, enquanto sua cabeça decepada fincada na ponta de uma lança grita enlouquecida... Sword and Sorcery, como não amar isso? 



Antes de começar a sessão uma breve história dos Dread Domains, de seus reinos, povos e tradições... muito mais do que um reino de pancadaria, morte e destruição, os Reinos possuem uma cronologia bem definida com mais de 3000 anos desde os antigos impérios, passando por um apocalipse (na forma de um meteoro) até chegar aos últimos anos de Faberterra.



Uma vez que Savage Worlds é um sistema em que o posicionamento dos personagens é importante, fiz algumas miniaturas de papel para facilitar. Mas só os heróis ganharam tokens coloridos...


O Baralho de Iniciativa de Savage Worlds sempre é uma atração... muito bom esse sistema de iniciativa baseado em cartas. Por sinal, nessa mesa rolou Coringa toda hora.


Apesar do livro básico de B&B trazer um mapa do Continente dos Dread Domains, eu achei ele meio pequeno e francamente sem graça. Os lugares assinalados são tão pequenos e a escala parece tão reduzida que um reino fica literalmente acavalado no outro. Preferi então usar um pouco de licença poética e criar o meu próprio mapa.


Deu um pouco de trabalho, mas no fim ficou do jeito que eu queria. Para fazer o mapa usei uma folha de papel pardo normal, tracei o desenho do continente, espalhei os reinos aqui e ali, dando uma distância maior entre eles e depois pintei com pilot e giz de cera.


Tudo bem, dava para ter ampliado o mapa original em alguma gráfica, mas não teria a mesma graça... não é de hoje que eu adoro fazer os mapas das minhas ambientações, devo ter um monte desses mapas guardados de 7th Sea, Ravenloft, Five Rings e outros tantos...


Ah sim, a sessão foi legal para que eu pudesse estreiar esse Battle Mat. Embora ultimamente eu tenha usado bem pouco grids de combate tático. O melhor desse grid é poder escrever em cima, fazer apontamentos e detalhar com diferentes cores o que está acontecendo. Isso sem dúvida cria uma dimensão extra no jogo e o torna mais envolvente.


E no fim, os heróis conseguiram escapar do terrível Mausoléu dos Famintos abrindo caminho à golpes de espada e machado...

4 comentários:

  1. Great review! Please contact me at u.pignatelli@gmail.com

    Umberto Pignatelli

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  2. onde tem desse Battle Mat? alguma loja brasileira vende?

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  3. Eu achei nos EUA, não sei se tem por aqui.

    Mas é possível improvisar algo parecido com papel contact transparente em cima de um grid.

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  4. Otimo texto! E seu mapa ficou fantastico!

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