domingo, 1 de dezembro de 2013

Rituais de Morte - Costumes estranhos aos nossos olhos


A maneira como nós lamentamos a morte, comemoramos, e dispomos dos cadáveres varia enormemente de cultura para cultura. O que para um determinado grupo é considerado normal, para outro pode ser compreendido como estranho, bizarro e perturbador.

Inegavelmente para nossos costumes, algumas tradições funerárias de outros povos podem ser consideradas macabras. Aqui estão alguns dos mais curiosos rituais de morte conhecidos, alguns deles, praticados até recentemente ou ainda realizados em segredo.

1. Endocanibalismo


Para algumas culturas, a melhor maneira de honrar seus mortos é levando em si mesmo uma parte deles. E a maneira mais correta de fazê-lo, é comendo-os. A prática é conhecida como "endocanibalismo" e reconhecido pelos antropólogos como um ritual amplamente difundido em certas culturas consideradas primitivas. Segundo os pesquisadores, esses "banquetes de cadáveres" são uma maneira de firmar uma conexão permanente entre os vivos e aqueles que partiram.

Trata-se de uma forma de catarse coletiva da tribo, uma maneira de expressar o medo e pavor associado com uma tragédia e tentar apaziguar essa dor. Culturalmente o ritual simboliza que a vida daquele indivíduo continua fluindo através de seus companheiros, de seus amigos e parentes. Alguns antropólogos sugerem que entre os povos que praticam o endocanibalismo, a prática constitui algo que os mortos esperam dos vivos - um gesto final de boa vontade da tribo e da família. Embora a antropofagia seja considerado um tabu na maioria das culturas, esse ritual é compreendido como uma forma de expressar respeito e desejo de que o morto esteja sempre presente. Existe uma grande diferença entre esse ritual e a prática de alguns povos de se alimentar dos seus inimigos vencidos. Nesse caso, devorar o inimigo simboliza obter seus atributos, em especial sua força e "magia". No endocanibalismo, a prática se refere apenas aos mortos queridos, geralmente parentes.

Durante o ritual, a tribo reza sobre o cadáver e chora lamentando sua passagem. Em meio a cerimônia (que ocorre na área comunal usada pela tribo) um pagé corta tiras de carne que são oferecidas aos presentes que se identificavam com o falecido. O que resta do corpo é queimado em uma fogueira após o ritual.

Embora não seja mais amplamente praticado, uma vez que os povos que tradicionalmente o faziam se "aculturaram" com costumes modernos, há rumores de que o endocanibalismo ainda é realizado em partes da Melanésia, em Papua Nova Guiné e pelo povo Wari na selva amazônica brasileira.

2. Enterros Budistas Celestiais do Tibete 


Mas por que comer a carne de uma pessoa recentemente falecida quando se pode permitir que animais selvagens o façam?

Este é o pensamento de Budistas Tibetanos que praticam um ritual de dissecção conhecido como "Enterro Celestial". Segundo esse costume religioso, um sacerdote fica responsável por desmembrar e cortar em pequenos pedaços o corpo do morto usando para isso um machado cerimonial. Os pedaços são então deixados em lugares especiais para serem encontrados por animais, particularmente aves. Em algumas situações, o corpo é deixado intacto - o que não é nenhum problema para aves carniceiras como abutres e urubus que literalmente se banqueteiam com os mortos.

Embora esse costume possa parecer indigno e mesmo repulsivo para os padrões modernos ocidentais, o ritual faz completo sentido sob o ponto de vista da filosofia budista. Os budistas não tem nenhum interesse em celebrar ou preservar seus mortos, eles consideram o cadáver como uma casca vazia cuja função não mais se faz necessária. Mais do que isso, oferecer os restos para que outras formas de vida possam se sustentar é uma maneira de estar em contato com um ciclo valioso da natureza. De fato, o ritual opcional para os monges é considerado um ato de caridade e compaixão para com os animais.

Atualmente, cerca de 80% dos monges budistas tibetanos escolhem o "Enterro Celestial", um ritual que é praticado há séculos.

3. Enterros em Suspensão


O misterioso povo Bo que viveu no Vale do Cânhamo no sudeste da China, mais especificamente na Província de Gongxian, foi massacrado pela Dinastia Ming cinco séculos atrás. Pouco se sabe a respeito de sua história, costumes ou realizações pois seus inimigos se esmeraram em destruir qualquer lembrança deles. Hoje, os Bo estão praticamente esquecidos, a única marca que eles deixaram para trás foram os seus curiosos rituais fúnebres. A Dinastia Ming não se importou em destruir as cidades e registros sobre os Bo, mas por superstição eles não quiseram tocar em seus cemitérios. Não é para menos, os cadáveres desse povo eram colocados em caixões de madeira que em seguida eram dramaticamente suspensos na fachada de um paredão rochoso com mais de 100 metros de altura.

Localizado acima de Crab Stream, ainda há cerca de 160 caixões de madeira que podem ser vistos presos a estacas, pendendo em cipós ou raízes que cresceram ao seu redor. Na fachada há ainda cavernas e grutas utilizadas como sepulcros naturais atulhadas de caixões ali depositados há meio-milênio. Só é possível chegar ao local avançando por trilhas estreitas ou subindo em escadas de cordas que exigem enorme habilidade de escalada.

Estudiosos acreditam que os Bo utilizavam essa área de tão difícil para depositar seus mortos por duas razões: o temor de que os mortos poderiam voltar e o fato desse cânion ter sido considerado sagrado. O precipício possui uma série de murais com pinturas vermelhas mostrando desenhos de como essas pessoas morreram, muitos deles são extremamente grotescos e assustadores. A ideia era que se os mortos um dia levantassem, veriam os desenhos e lembrariam de como morreram. A constatação seria suficiente para fazer com que eles caíssem da montanha ou voltassem para seus caixões.

Atualmente, a população que vive na região se refere a essa civilização perdida por nomes como "Filhos do Despenhadeiro" ou "Os Mortos Suspensos".

4. Sati


O Sati (ou ainda Suti) é um costume que felizmente foi banido na Índia mas que até os anos 1950 era praticado, considerado algo normal, honrado e digno pela sociedade local.

Através dessa prática, uma mulher viúva demonstrava sua devoção ao marido recentemente falecido imolando a si própria na pira funerária durante a cremação dele. Para auxiliar na prática, as mulheres usavam uma mistura de óleos vegetais que embebiam os seus trajes a fim de acelerar o processo. Uma mulher que tentava o Sati, mas não morria no processo era considerada indigna do amor após a morte, o que era visto como mau agouro ou sinal de má sorte. Por esse motivo, quando uma mulher realizava o Sati, tratava de besuntar seu corpo uma grande quantidade de combustível que a transformava em uma verdadeira tocha humana. 

O costume em geral era um ato voluntário, mas em algumas instâncias mulheres se viam forçadas por parentes ou amigos do morto a cometer o Sati - algumas vezes até sendo arrastadas ou arremessadas sobre o fogo à força.    

Não se sabe ao certo quando o ritual começou a ser praticado. Alguns estudiosos supõem que ele foi introduzido como uma maneira de evitar que as esposas matassem seus maridos ricos (em geral usando veneno) para depois casar com seus amantes. Outra possibilidade é que o ritual fosse visto como uma forma de marido e esposa morrerem ao mesmo tempo e reencarnarem simultaneamente. Uma crença comum era que nesse caso, o casal estaria fadado a se encontrar em uma próxima encarnação perpetuando seu amor. 

Curiosamente a India não foi a primeira cultura a adotar uma tradição similar. Outras sociedades antigas praticaram modalidades semelhantes ao Sati, inclusive os egípcios, gregos, godos e citas.  

5. O Funeral Viking


Muitos já ouviram falar do funeral viking que envolvia colocar o corpo de um guerreiro especialmente bem sucedido em um pequeno barco cercado de seus tesouros, e em seguida incendiá-lo.

Há entretanto algumas versões de que esse ritual seria bem mais complexo. De acordo com as anotações históricas feitas pelo embaixador abássida Ahmad ibn Fadlan, que viveu entre o povo Rus na atual Bulgária durante o século X, a morte de um chefe tribal tinha elementos excepcionalmente brutais. Fadlan teria testemunhado em pelo menos duas ocasiões esse ritual ser realizado, para seu assombro e temor.

Uma vez constatada a morte de um chefe, seu corpo era temporariamente colocado em um buraco pelo prazo mínimo de dez dias. Enquanto isso, novas roupas eram confeccionadas para ele e os homens bebiam e contavam estórias para lembrar suas façanhas. Alguns deles bebiam além da conta, lutavam e se feriam. Durante esse período de luto, uma jovem garota escrava era escolhida (ou se voluntariava) para participar do ritual. A jovem era guardada dia e noite para não escapar e recebia uma enorme quantidade de bebida intoxicante. No dia em que a cerimônia de cremação era marcada, a moça ia ao longo do dia de tenda em tenda da aldeia, a fim de fazer sexo com cada um dos homens que eram amigos ou companheiros de armas do falecido. Quando os homens terminavam de fazer sexo com ela (ou em termos atuais estuprá-la), eles deviam dizer a seguinte frase: "Vá e diga ao seu mestre que eu fiz isso para provar meu amor a ele".

Depois disso, a jovem era levada até uma tenda estrangulada com uma corda e finalmente esfaqueada até a morte por uma matriarca do vilarejo. Seu corpo era lavado, limpo e envolvido com um pano branco imaculado. O cadáver era posto ao lado do chefe tribal a bordo de um barco de madeira que era então incendiado num lago ou rio.

Segundo estudiosos, o costume, difundido entre os Rus (descendentes dos Vikings) tinha como objetivo purgar a tristeza pela morte de um líder e transferir a ele no além, a força transformadora da vida. Na crença dos Rus a moça serviria ao morto eternamente, mas teria uma morte honrada sendo considerada então uma pessoa livre.

4 comentários:

  1. Caramba! O Sati foi o mais louco que eu vi aqui. Até tem um ar romântico, mas como tudo que envolve a humanidade...
    Ainda bem que foi banido. Pobres viúvas :(

    ResponderExcluir
  2. Olá, parabéns pelo trabalho. Você pode me dar alguma referência de estudo?

    ResponderExcluir
  3. ORAÇÃO DE SÃO CIPRIANO PARA MATAR UMA PESSOA

    Pelos poderes de São Cipriano e das três malhas pretas que vigiam São Cipriano (HNS) vai morrer agora urgente, quero que você (HNS) morra de rasto, andando, correndo, desesperado, louco para se matar o mas rápido possível. São Cipriano eu terei esse poder que (HNS) morra e deixe de uma vez definitivamente de viver e deixe, amigos, casas e família, para assumir que vai se matar. São Cipriano faça com que (HNS) morra urgente ainda hoje e agora desejando morrer o mais rápido (HNS) se mate muito rápido, quero que (HNS) tenha a certeza que vai se matar e que (HNS) não possa mas viver e tenha a certeza que é melhor se matar, e tenha sempre a imagem da morte em seu pensamento em todos os momentos de sua vida, agora com quem estiver, onde estiver (HNS) será arrancado daí, porque o pensamento dele está em se matar que não coma, não durma, não consiga trabalhar e se mate. São Cipriano faça (HNS) se matar, que (HNS) sinta ódio e nojo e rejeite outras pessoas que tiverem interesse nele, para dedicar em se matar e que se mate ainda hoje, pois somente a morte vai querer, que tenha tesão somente por morrer e que seu corpo seja morto, que só tenha paz se estiver morto. Agradeço São Cipriano por estar trabalhando em meu favor e vou divulgar seu nome publicando essa oração sete vezes seguidas em troca de matar definitivamente (HNS) e se mate o mas rápido possível. Peço isso aos poderes das três malhas pretas que vigiam São Cipriano. Assim Será, Assim Será, Assim está feito e jamais será desfeito. AMÉM, AMÉM, AMèm

    ResponderExcluir