sábado, 27 de abril de 2013

Cinema Tentacular: A Entidade (Sinister)


Bons filmes de horror, sem que sejam um remake aproveitador ou uma sequência picareta são coisa rara hoje em dia. Por alguma razão parece que a fonte de ideias para nos deixar assustados inexplicavelmente secou. Por isso, quando um bom filme de horror finalmente aparece, a gente acaba soltando fogos de alegria. E se o tal filme tiver um toque lovecraftiano, então, haja fogos para iluminar os céus.

Pois bem, já estão ouvindo estouros?

Deixe-me compartilhar com todos o filme que assisti semana passada, um de que nem esperava muito, mas que me deixou uma boa impressão... o nome é "A Entidade" (Sinister) que passou nos cinemas brasileiros e sumiu rapidamente.

Alguém aí assistiu? Ouviu falar? Não?

Em Sinister (eu prefiro o título original), o bom ator Ethan Hawk interpreta Ellison um autor especializado em escrever livros sobre horríveis crimes verdadeiros. Ellison está com dificuldades para escrever seu próximo livro, sobretudo porque não consegue igualar a qualidade e sucesso de seu último trabalho. Desesperado em busca de inspiração, ele tem uma "ótima idéia", e se muda de mala e cuia, mulher e crianças inclusive, para uma casa onde a família anterior foi vítima de um assassinato chocante. Todos eles foram encontrados enforcados no pátio dos fundos, bem todos não... uma das filhas desapareceu sem deixar vestígios.


Não demora muito, Ellison acaba encontrando uma caixa de papelão cheia de velhas fitas super 8 no sótão da casa. Cada fita tem títulos como "Diversão na Piscina", "Trabalho no Pátio", "Churrasco em Família" e assim por diante. Curioso para saber do que se trata, ele arranja um projetor e descobre que cada fita apresenta uma horrível filmagem em que famílias são executadas de forma aterradora. As datas mostram que isso vem acontecendo há anos.

Naturalmente Ellison fica horrorizado e perturbado com o que assiste, mas ele também fareja material de primeira para seu próximo livro, a chance de contar a estória sobre um assassino em série sádico até então desconhecido. Com visões de fama enchendo sua cabeça, ele começa a fazer pesquisas e vai se metendo cada vez mais fundo em uma investigação que coloca sua própria família em perigo. É claro, sua esposa quando fica sabendo do segredo da casa fica furiosa, e mais ainda quando sons estranhos começam a ser ouvidos e presenças invisíveis se fazem sentir na calada da noite.


Sinister tem sua parcela de "lugar comum" e de coisas que você já viu em outros filmes de horror. Por exemplo, Ellison começa a sofrer de pesadelos cada vez mais barra pesada, coisas assustadoras parecem se mover no canto de seus olhos e sua filha passa a desenhar figuras assustadoras nas paredes da casa.    

Então, lendo isso, aposto que você deve estar pensando que a estória é sobre um fantasma que tenta fazer com que o sujeito descubra quem é é o assassino em série. Bom, felizmente não. Sinister tem algo de Lovecraft (seja voluntariamente ou não) em sua trama. Algo que realmente me chamou a atenção.

Bom, assim como o Cthulhu Mythos, certo conhecimento é melhor manter em sigilo, então saiba que daqui em diante temos alguns SPOILERS.


O mal que conecta todas as famílias que morrem nas filmagens é uma força ancestral, um tipo de divindade que representa morte, assassinato e loucura chamada "Bahghoul". Mas a coisa fica ainda melhor! Essa "entidade" (que está no título em português e meio que estraga a surpresa) se alimenta da alma das crianças no processo fazendo suas famílias sofrer. Não é uma graça? O monstro tem mais um truque na manga: qualquer imagem dele é ele. Isso significa que a tal entidade é capaz de ver, ouvir e agir através de pinturas, estátuas e sim, fitas de vídeo em que ela aparece. Essa é uma ideia bem interessante reforçando aquela sensação de que "quanto mais você olha para o abismo, mais o abismo olha de volta para você". Então, enquanto Ellison tenta encontrar detalhes nas filmagens (achando sempre a presença da entidade em algum lugar), Bahghoul também começa a se interessar pelo sujeito.

Tudo bem, o tal "Bahghoul" não é exatamente um Great Old One e suas ações parecem "humanas" demais, mas trata-se de um conceito interessante... e que diabo, quem não é capaz de imaginar o bom e velho Nyarlathotep por exemplo fazendo travessuras desse tipo para levar um pouco de loucura e horror a mente e coração dos homens? Tudo bem, a entidade não é um horror alienígena como Cthulhu e companhia, mas quando se trata de corrupção e maldade o monstro é bem convincente.

Fim do SPOILER.


Ainda que Sinister não seja um filmaço de arrebentar, ao menos ele é bem feito, bem amarrado e consegue promover algumas boas cenas de susto e tensão. Dirigido por Scott Derrickson, o responsável pelo excelente O Exorcismo de Emily Rose, o filme consegue ser melhor do que 90% dos filmes de horror que chegam aos cinemas atualmente. Há algumas boas sequências chocantes, sem mencionar algumas cenas perturbadoras, sobretudo as que apresentam as elaboradas mortes em família.

Acho que vai agradar a quem está em busca de um filme sem compromisso, apenas em nome da diversão.

Cotação:


Abaixo, está o trailer:

5 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Gostei do filme, bem acima da média mesmo.

    S
    P
    O
    I
    L
    E
    R
    S





    ********* SPOILERS*******************SPOILERS**************************SPOILERS**********************

    O final é até previsível para alguém mais atento, pois nos desenhos os nomes dos irmãos são escritos, mas os dos pais estão simplesmente como as crianças os chamam "papai" e "mamãe". Na metade do filme já dava pra matar a charada de quem eram os assassinos, mas confesso que só percebi isso na cena final rsss

    *****************************************************************************

    ResponderExcluir
  3. Gostei de tudo exceto do final, bem tosco. Decepcionante.

    ResponderExcluir
  4. Assisti ao filme faz duas semanas e realmente tive a afinidade pela entidade "Bahghoul" realmente por lembrar a figura de Nyalarthotep, ou outra entidade ancestral. Realmente acima dos filmes lançados ultimamente (mama é outro acima da média). Tem algumas cenas que realmente me pegaram desprevinido e me garantiram um susto repentino. Vale lembrar que o fato da entidade ser ancestral ressalta ainda mais a questão do oculto de Lovecraft, recorrendo a tomos antigos e professores especializados para desvendar o mistério. Apesar de alguns cliches como desenhos feitos por crianças o filme me deixou com um sorriso no rosto ao final e com algumas idéias miriabolantes para uma partida "one shot".

    ResponderExcluir
  5. Olá! Ouvi falar desse filme e fiquei super curiosa! Ainda não assisti e então vou voltar aqui depois para ler o resto do post porque não quero estragar a surpresa kkkkkkkk
    Adoro filmes neste estilo sobrenatural, maligno, instigante e... ok. Deu pra entender.
    Estou querendo ver Mama (também fiquei impressionada com o trailer) e esses dias assisti O mistério das duas irmãs. Bem legal também.
    Parabéns pelo blog e inté!

    ResponderExcluir